As casas invisíveis

Existe uma beleza oculta, embaixo de nossos olhos, que paramos de enxergar. Não é que façamos isso deliberadamente, querendo ignorar o que está bem a nossa frente, apenas é que estamos atarefados demais, focados demais, olhando sempre um “lá na frente” – que talvez nem nos chegue –, que podemos acabar perdendo o agora.



E, nesse caso, um “agora” que vem do ontem. Ecos de um passado que resistiu ao tempo para nos mostrar algumas maravilhas que nosso avós e pais conheceram e, especialmente, nelas residiram, para construir suas histórias de vida.

 
Falo de casas esquecidas. Talvez não por seus proprietários, mas por todos nós, donos coletivos dessa memória viva.

 
Falo de residências, palacetes, sobrados e até prédios, todos de rara arquitetura e que estão sucumbindo ao nosso “ignorar”.

 
E aqui não falo sobre a questão prática ou legal. Sei que existe o patrimônio histórico e também os esforços das famílias em mantê-los. Aqui me dirijo a nós, legítimos possuidores de tudo aquilo que podemos apreciar. Senhores de sua imagem e de sua presença em nossa paisagem.

 
Sei, por iniciativa própria, que um desses locais – que particularmente considero encantador e encantado – nos próximos meses voltará a abrir a portas e se deixar revisitar. Mas, além desse, há muitos outros mais. E que esperam, ao menos, a visita de nossos olhos, para que deixem de ser invisíveis para nós.

 
Na Astrogildo de Azevedo, 185, o que conheço bem estará te esperando.


Todo passado é prólogo!
Já dizia meu avô Armando – do qual, com orgulho herdo o Neto em meu nome –, repetindo a frase célebre atribuída a Willian Shakespeare. Trocando em miúdos, tudo o que foi, volta, e as modas ultrapassadas serão o sucesso do futuro.

 
Muito verdade! E vemos isso todos o dias ao longo dos anos, com músicas, roupas, acessórios, móveis, designs, gírias e uma longa lista de dar gosto, a quem aprecia o retorno dos retrôs.

 
De minha parte – apreciador que sou das coisas de antigamente –, vejo feliz antiquários cada vez mais frequentes pelas ruas das cidades por onde circulo. Seja na nossa capital, onde a rua dos Antiquários é meu roteiro obrigatório; seja em nossa Santa Maria, pela nossa bela Belga e adjacências, que temos hoje ótimas opções para quem aprecia a arte do garimpo.

 
Sei que o moderno arrasa. Mas o encanto pelo antigo me atrai com muito mais força. Assim, convivendo entre vitrolas e Spotifys, busco no passado a chave do meu futuro.

 
E o melhor, meus maiores guias estão ao meu lado para ouvi-los e aprender com eles. Familiares e amigos que viram a vida de perto por mais tempo, que com seu carinho e generosidade, indicam as pedras no caminho, me ajudando a não tropeçar.

 
Creio que todos nós temos pessoas assim próximas a nós. Basta ter olhos para vê-las e, especialmente, ouvidos atentos para... aprender.

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Armandinho Ribas

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